O painel Economia da saúde: o que vivenciei e não está nos livros, foi moderado por Flávio Bitter, Diretor Gerente do Bradesco Saúde e contou com a participação dos debatedores: Giusepe Giorgi, Diretor de RH da Pirelli América Latina e Fred Lopes, Diretor de Recursos Humanos do Grupo Pão de Açúcar.
Fred Lopes fez um balanço sobre a gestão de saúde do grupo e afirmou que o principal aprendizado do Pão de Açúcar foi incluir na discussão da saúde o indivíduo. “O fato é vivemos em um país que terceiriza a responsabilidade, na saúde não é diferente. A partir do momento em que um colaborador tem um plano médico, ele acha que a empresa é que tem que cuidar da sua saúde. A principal guinada que tivemos foi que tentar influenciar as pessoas para que percebessem que elas são as principais responsáveis pelo seu bem-estar próprio”, afirmou.
O Pão de Açúcar tem cerca de 140 mil funcionários e 250 mil vidas com assistência médica. “E foi pensando em colocar o colaborador como protagonista do seu bem-estar que o GPA decidiu atuar em quatro plataformas. Tem uma frase muito conhecida que diz que saúde não é uma ausência de doença, então precisamos nos cuidar em diferentes aspectos”, explicou.
A primeira plataforma é a do esporte. O GPA fez parcerias com diversas academias para incentivar a prática de exercício físico entre os colaboradores, entendendo que isso é um ponto fundamental para uma boa qualidade de vida. “Atualmente 15 mil funcionários acessam academias com uma taxa de frequência maior que a média. Pensamos o seguinte, antes a gente patrocinava 100 pessoas pra correr a maratona de Nova Iorque, isso não nos trazia retorno. Hoje, a gente tem 15 mil funcionários frequentando academia”, comemorou o Diretor de RH do GPA.
Entendendo a importância da mulher e suas particularidades, a empresa também criou um plano voltado para elas. 48% da equipe é formada por mulheres e 10 mil delas são mães. “A gente investe e temos tido resultados importantes, tanto financeiro como no engajamento”, esclareceu Fred.
O grupo também tem um refeitórios próprios em cada loja e ainda uma cooperativa de crédito. “Assumindo esses 4 pilares a gente acredita que três esse bem estar físico e mental. Não dá mais para usar soluções caseiras! Há uma infinidade de plataformas para a saúde que podem te ajudar. Essa tecnologia também baixou muito de custo. Fundamentalmente todo o conjunto de fatores precisa confluir na gestão de custo. É uma conta de 500 milhões mensais”, reforçou o executivo do GPA.
Já Giusepe Giorgi, Diretor de RH da Pirelli América Latina trouxe um contraponto de uma empresa com número menores, mas não menos importantes. São oito mil funcionários, 30 mil vidas, com a média de idade de 36 anos. “Quando falamos em gestão de saúde, passamos por um caminho clássico. Chamamos de clássico porque a gente viu como um número que deveria ser reduzido. Investimos em coparticipação, achamos que poderia ser inibidor. A longo prazo percebemos que as pessoas inibem tanto que elas não fazem nem o os cuidados básicos, o que a longo prazo não é legal. Onde melhoramos a gestão desse custo? Quando vimos que atrás desse número haviam pessoas”, explica.
Há quatro anos, a Pirelli começou a investir mais forte na gestão de saúde dos funcionários e dependentes. Segundo Giusepe, a mudança aconteceu quando o ser-humano virou o foco principal. “Estamos usando muitos dados. Assim como o GPA, a gente também fez parceria com academias. As pessoas têm que assumir a responsabilidade sobre a própria saúde.
A Pirelli também criou um programa de gestão de doenças crônicas. Quando o quadro indica que tal funcionário é propenso a ter hipertensão ou diabetes, por exemplo, um enfermeiro entra em contato com ele e a partir daí começam as orientações para uma rotina de controle com medicamentos ou exercícios físicos. “Temos um programa que oferece medicamentos e futuramente vamos entregar em casa os medicamentos que essas pessoas precisam usar”, ressalta o Diretor de RH. Além disso, a empresa tem um programa de acompanhamento de grávida e outros.
De acordo com executivo, nos últimos dois anos a Pirelli intensificou o uso da inteligência artificial para ajudar no agrupamento de informações que, junto com programas de prevenção, ajudam a gerir a saúde. “A grosso modo, podemos dizer que a sinistralidade vem caindo”, fala.
Questionado, o moderador Flávio Bitter aproveitou para falar também sobre novos modelos de prestação das operadoras. “O Bradesco acredita em três grandes direções. Atendimento primário, novos modelos de remuneração e gestão do beneficiário: como conectar as pessoas com as suas reais necessidades”, explicou.
Para finalizar, o mediador perguntou como eles se sentiam como co-gestores da saúde. Fred Lopes, Diretor de Recursos Humanos do Grupo Pão de Açúcar acredita que o segredo está no atendimento primário. “Estamos há léguas desse sucesso. A gente enquanto empresa, tem a necessidade de forçar a barra para que o modelo de saúde mude. Não existe nenhum modelo integrado, mais humanizado e mais assertivo. O modelo hoje foi criado para se remunerar. Pra chegar onde é necessário, a gente precisa de uma relação de transparência com as operadoras de saúde. Vamos parar de olhar pra trás e fazer com que as operadoras de saúde nos ajude de forma preditiva”, encerrou.
Segundo Giusepe Giorgi, Diretor de RH da Pirelli América Latina, todos os atores hoje estão tentando olhar o seu próprio lado. “Temos que pensar em como integrar tudo isso, na forma de remuneração, olhando o resultado final do serviço prestado. O mundo de negócio hoje é voltado pelo que se entrega. Temos que evoluir e mudar para que tudo se altere”, alertou.
Painel Economia da saúde: O que vivenciei e não está nos livros, no V Fórum Internacional ASAP
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