Todos os dias, todo indivíduo que toma medicamento – seja com a finalidade de tratamento ou de prevenção de uma condição – se depara com um momento pessoal decisivo que resulta em tomar a medicação prescrita, ou não.
O indivíduo pode ou não estar ciente daquele fugaz momento da verdade, mas naquele segundo os resultados da saúde dos Estados Unidos são registrados.
Anualmente, a não-adesão à medicação tem um impacto negativo sobre os resultados da saúde e contribui para o incremento dos custos assistenciais. Isso inclui US$ 177 bilhões em custos diretos e indiretos e, mais especificamente, US$ 100 bilhões apenas em custos de hospitalização.
Para o sistema de saúde dos EUA, este impacto anual representa um desafio para o sistema de saúde como um todo. Pacientes experimentam o custo da não-adesão à medicação através de hospitalizações evitáveis e visitas ao pronto socorro, resultados clínicos inferiores, perda de qualidade de vida e menor produtividade no trabalho.
As causas de não-adesão à medicação representam um conjunto definível de atributos que atravessam limites pessoais, psicossociais, cognitivo-comportamentais e culturais. Razões (para não-adesão) podem incluir a falta de conhecimento (individual) sobre o medicamento, efeitos colaterais ou eventos adversos; esquecimento; falta de apoio social; crenças religiosas, culturais ou de saúde; e falta de conhecimento em saúde. Dadas às múltiplas questões que desencadeiam a não-adesão, reverter o problema exige o desenvolvimento e a execução de uma abordagem sistemática, estratégica e multifacetada para o dilema.
A não-adesão representa uma falha crítica do sistema de cuidados em saúde – não muito diferente do manejo inadequado da dor. Como o manejo da dor, a adesão à medicação é um princípio fundamental no qual repousam os resultados da medicina ocidental.
Na última década, quando o controle inadequado da dor foi reconhecido como um fator crítico desencadeador de pobres resultados em saúde, associações e sociedades médicas nacionais declararam a dor o “quinto sinal vital”, aumentando a conscientização dos provedores (de cuidados) e das instituições e estabelecendo padrões nacionais de cuidados para melhorar os resultados dos pacientes.
Após esta declaração, as normas para o controle da dor foram escritas e posteriormente adotadas por toda organização que provê ou suporta atendimento ao paciente, por exemplo, sistemas de saúde, hospitais, lares de idosos, centros de cuidados ambulatoriais, serviços de atendimento domiciliar.
A abordagem sistemática tomada para melhorar o manejo da dor através dos Estados Unidos reflete a necessidade de uma abordagem semelhante para melhorar a adesão à medicação.
Pode ser necessário um foco nacional de grande repercussão e visibilidade para melhorar este aspecto crítico da assistência à saúde e pode ser ainda que a adesão à medicação venha a se tornar o “sexto sinal vital” no cuidado ao paciente.
Apesar da magnitude do tema, a gestão da saúde já foi carente de uma metodologia padronizada para medir e comparar a adesão à medicação entre populações gerenciadas.
Fonte: CADERNO ADESÃO À MEDICAÇÃO – Asap / Comitê Técnico da Asap
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