Dr. Rafael Munerato, Diretor de Relacionamento Médico no IBES (Instituto Brasileiro para Excelência em Saúde) apresentou no Fórum Nacional de Saúde Corporativa, evento que a ASAP realiza em parceria com a ABRH Brasil, dentro do CONARH 2019, os modelos assistenciais existentes no Brasil e no mundo, apontando os pontos positivos e os gargalos.
Para Dr. Rafael, antes de tudo é preciso entender quem são os principais players do mercado, como pacientes, profissionais de saúde, parceiros e fornecedores, prestadores e fontes pagadoras, já que hoje, 70% dos planos de saúde são disponibilizados pelas empresas.
Mediado pela Sílvia Tyrola, sócia da Gerppass e Diretora de Parcerias da ADVB Mulher, Munerato fez uma analogia com o seriado Game of Thrones ao falar sobre a situação da saúde no Brasil. “Tem o reino das operadoras, das farmacêuticas, de cada player. Hoje há um sentimento de que estamos vivendo com um inimigo. Isso tem que mudar, esse modelo já mostrou não ser mais sustentável”. Para ele, é preciso ter união entre os diversos players.
Diferentes modelos de remuneração foram apresentados de forma comparativa ao que se é praticado atualmente no Brasil. Segundo Munerato, os modelos deverão ser mistos no futuro, diferente de como é hoje, quando tudo é fee for service. Por isso, ele acredita que o sistema só atingirá sua maturidade quando ele for misto. Ao comparar o Brasil aos EUA, que diferem na infraestrutura da saúde e na cultura empresarial, Munerato constata a dificuldade que temos de aplicar aqui as soluções de lá.
Modelos como Capitation, Bundled Services e DRG têm sido desenhados e aplicados, ainda de maneira exploratória, em mercados mais evoluídos, cujos sistemas de saúde diferem do brasileiro. Aqui o sistema privado de saúde remunera prestadores de serviços pela quantidade de procedimentos e não pela qualidade. Primeiro porque o foco está na doença e não na prevenção de suas causas. Segundo, porque a preocupação predominante está na forma de remunerar, na redução imediata de custos e não no resultado final do serviço assistencial prestado ao paciente, que deveria estar no centro do sistema e não à sua margem.
Ao longo da última década, o fator “resultado” tem sido o componente fundamental dos formatos de pagamento adotados nos EUA. Muitas organizações têm visto a reputação de suas marcas e a fatia de mercado que ocupam crescerem, como é o caso da Cleveland Clinic, que passou a publicar dados de mortalidade para associar resultado aos procedimentos.
Para Dr. Rafael investir na saúde primária é fundamental. Um conjunto relevante de evidências indica que ao menos 80% dos fatores que afetam os resultados em saúde não pertencem, tipicamente, ao âmbito clínico. Esse percentual inclui fatores sociais (emprego; apoio familiar e social; renda e educação); comportamentais (atividade sexual; dieta e exercício físico; consumo de álcool, fumo e drogas) e ambientais (habitação; transporte e qualidade do ar e da água).
Um ponto importante da atenção primária é a medicina ocupacional. “A medicina ocupacional viveu um momento de muito apego a parte jurídica, deixando o acompanhamento do paciente de lado. Se a gente sabe que 50% dos gastos nas empresas com saúde está nas internações e 25% nos exames, nada mais importante do que fazer o acompanhamento do paciente mais de perto, como forma de aumentar o controle e tornar os resultados mais efetivos”, ressalta Dr. Rafael.
Munerato defende ainda a ideia de que precisamos pensar em outro conceito: a desospitalização. O case é sucesso na Dinamarca. Ele acredita que o gerenciamento de leito pode contribuir para o processo de redução de custos do sistema. A telemedicina também é uma ferramenta fundamental para o processo de desospitalização, porque é eficiente, aumenta o acesso, evita deslocamentos, promove economia, reduz riscos e pode melhorar a qualidade do atendimento. “Na Cleveland Clinic esse é o modelo que mais cresce por ano, cerca de 70%. Mas, é importante educar o colaborador”, ressalta ele.
Outro fator importante é o “uso dos dados”, componente tecnológico que será fundamental para a mudança do sistema de saúde no futuro. No Brasil, apenas 30% dos prontuários são eletrônicos. “A gente precisa de mais serviços de dados para fazer mais e melhores análises. A Análise Preditiva permite explorar ofertas de Saúde Preventiva, o que é excelente para empresas e colaboradores”.
Para finalizar, Dr. Rafael ressalta a importância de tornar os atendimentos cada vez mais humanos. Tema explorado no CONARH 2019 através da #Humanize, o que trouxe uma importante reflexão para os gestores. “Eu vou dar o exemplo do médico americano Dr. Eric J. Topol, da Cleveland Clinic, ele analisa dados e une à medicina. E qual é a bandeira dele? A deep medicine, que para ele, traz de volta a medicina humana. Usando a ferramenta de dados e a medicina do genoma, por exemplo, vamos voltar a medicina da empatia”, finaliza Munerato.
Clique aqui para conhecer melhor a ASAP ou entre em contato com a gente através do e-mail admin@asapsaude.org.br
Deixar um comentário