As festas de final de ano são um período que mexe muito com os sentimentos das pessoas, e não é de hoje que os profissionais e pesquisadores em saúde mental reconhecem que essa é uma época que exige atenção especial.

Embora as festas de fim de ano sejam tipicamente retratadas como um período de alegria e conexão com momentos e pessoas que fazem a vida valer a pena, parece cada vez mais comum nos sentirmos estranhos e ouvirmos de pessoas próximas que elas na verdade experimentam muitos sentimentos negativos nessa época.

De fato, um levantamento da Aliança Nacional para Transtornos Mentais dos Estados Unidos, feito em 2014, mostrou que 64% das pessoas avaliadas que sofriam de algum problema de saúde mental descreveram que o período das festas de fim de ano fazia com que sentissem piora em sua condição.

Os pesquisadores descobriram que a tristeza ou insatisfação relacionadas às festas de fim de ano estavam ligadas à sensação de solidão ou pressões financeiras em cerca de 65% dos casos.

Além disso, mais da metade dos entrevistados, ou cerca de 55%, contaram que se sentiam insatisfeitos por julgarem que viveram momentos mais felizes no passado ou que mantinham expectativas altas demais sobre esta época do ano.

Outras razões descritas pelas pessoas avaliadas neste e em outros levantamentos semelhantes foram a pressão para comparecer a muitos compromissos, a dificuldade (financeira ou mental) de encontrar presentes para as pessoas queridas, o frio e a falta de luz do sol (que não contam por aqui) e a necessidade de parecer feliz ou se encaixar em padrões determinados de sentimentos e comportamento.

Talvez o dado mais importante seja aquele relacionado com as expectativas, já que é principalmente aqui que podemos ter algum controle. Pode ser bastante útil refletir e compreender que aquilo que esperamos das festas de fim de ano foi moldado por experiências passadas que se estendem até os primeiros anos de vida, quando tínhamos uma percepção muito diferente das coisas.

Além disso, também é verdade que temos a tendência de superestimar boas sensações vividas no passado e compará-las com as atuais, o que faz com que o resultado seja sempre negativo para o que vivemos hoje, embora as coisas não sejam de fato assim.

Vamos lembrar que também existem boas notícias relacionadas a este tema. O fim do ano é, para muitos, um período de descanso, experiências significativas e convivência com pessoas próximas, três elementos que contribuem para a promoção da saúde física e mental.

Fonte: Minuto Saúde Mental (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional, iniciativa CNPq e Fapesp) / Comitê Técnico ASAP