A área de saúde não é mais a mesma. Cada vez mais vemos inovações tecnológicas fazendo a diferença neste setor. Em razão dos avanços tecnológicos e do aumento da expectativa média de vida da população, entre outros fatores, os gastos na área da saúde vêm crescendo significativamente no Brasil.

Se de um lado as operadoras de planos de saúde reajustam seus valores para fazer frente ao aumento dos custos, levando seus contratantes e beneficiários a reclamarem da elevação de preços, de outro lado os médicos prestadores de serviços parecem insatisfeitos com seus honorários. Surge então um impasse. 

O nosso sistema de saúde não foi criado para compensar e incentivar o médico. No setor de saúde suplementar, o pagamento por procedimentos ou fee for service é absolutamente predominante, enfoca somente a quantidade de atendimentos. 

Seria desejável que a qualidade fosse contemplada de alguma maneira, em benefício da população usuária dos serviços e que a avaliação de desempenho e de resultados, quando bem desenhada e acordada, possa trazer benefícios que vão além dos econômicos, motivando o aprimoramento e a superação constantes dos médicos.

Embora algumas das operadoras digam que já testaram ou que pensam em implantar modelo de remuneração por performance, poucas efetivamente o fizeram ou sabem como fazê-lo. E, apesar de quase todas criticarem o modelo fee for service, não acham que há outra forma mais prática e universal de remuneração neste momento no Brasil.

Alguns dos modelos adotados são baseados no desfecho clínico do paciente. Esse modelo é regido por três conceitos: melhorar a forma de prestação de contas entre as operadoras e hospitais para controle de qualidade e redução de desperdícios; possibilitar o acesso dos pacientes aos serviços de saúde específicos e necessários, direcionando o foco do pagamento; e desenvolvimento de estratégias inovadoras e tecnologias baseadas no melhor conhecimento científico e técnico existente.

É preciso pensar em um modelo que entregue o que corresponde a um melhor valor para a maioria das pessoas. 

Um dos desafios é integrar os médicos que cuidam dos procedimentos de baixa, média e alta complexidades para que o desfecho clínico do paciente seja bem-sucedido. O ideal é que o paciente seja bem acompanhado constantemente para evitar internações. Nos casos em que houver, por exemplo, uma cirurgia, é preciso que o paciente volte a ser tratado pelo médico de atenção primária a fim de evitar que ele seja internado novamente.

Observa-se que é senso comum a necessidade de haver debates como esse sobre novos mecanismos de remuneração médica se fazem urgente no Brasil, pois esse pode ser um caminho para que a gestão de saúde da população, privada ou não, encontre sua sustentabilidade.